Pluralis Mundi: O Salão de Huda

segunda-feira, 18 de julho de 2022

O Salão de Huda

Por Flávio Dias

Terceiro filme do Festival do Rio no Telecine. “O Salão de Huda” foi o cartaz de domingo, dia 17 de julho. Confira minha análise.

Reem apenas queria ajeitar seu cabelo, mas durante um cafezinho no salão, acaba ficando desorientada e acaba adormecendo. Huda, a dona do salão, drogou Reem, tirou suas roupas, ficando completamente nua, ao lado de um homem. Depois que acorda, sem saber onde está, Huda a chantageia com fotos para participar como colaboradora do Serviço Secreto Israelense.

A partir desde início, Reem (Maisa Abd Elhadi), moradora de Cisjordância – território que há mais de 50 anos em conflito com Israel –, fica transtornada, sem saber o que fazer. Ela foi envolvida na trama de Huda (Manal Awad) para conseguir informações sobre possíveis suspeitos que possam atentar contra o Estado de Israel. O grupo da Resistência da Palestina, comandado por Hasan (Ali Suliman), tenta extrair de Huda no interrogatório quem é o líder e quem são as mulheres convocadas para agir na região.

O filme é bem amarrado, pontuando o lado da mulher na Palestina. Huda é uma mulher que perdeu os filhos para o marido e resolveu seguir ajudando Israel para capturar terroristas. Ela convoca qualquer mulher através de fotos comprometedoras, deixando-as sem opções para fugir da armadilha. Reem, casada com um homem ciumento, machista, com um bebê de meses, passa os dias atormentada com o que tem que fazer: vigiar pessoas consideradas suspeitas de algum ato de terrorismo. Ela fica com medo, na dúvida de trair seu país e sem confiar em ninguém ao seu redor. Sem saber também se foi apenas uma foto, se houve algo mais do que isso.

Bem dirigido por Hany Abu-Assad, o longa não perde tempo. Coloca as reações de Reem e Huda para mostrar como as mulheres no oriente-médio, especificamente na Palestina e Israel, são tratadas. Conhecido mais pelo bem-sucedido “Paradise Now”, outra história sobre a violência e tensão na região, Abu-Assad comanda muito bem as emoções das duas mulheres, em uma condução bem acertada, criando suspense e envolvimento em cada cena. Baseado em fatos reais, “O Salão de Huda” tem cenas fortes, emoção e cenas sugestivas, como de Reem passando a mão em punho no muro que divide Israel da Cisjordância, como quem diz “maldito muro”.

Vale destacar as ótimas atuações de Maisa Abd Elhadi e Manal Awad. Suas expressões são fortes, na medida certa para suas personagens. Não há exagero. A forma meia teatral, meio cinema, dá o tom ideal para contar a história.

O longa ficou disponível por 24 horas no streaming do Telecine/Globoplay. Em breve o filme será lançado em definitivo para você ver e rever tanto no streaming, como nos canais lineares do Telecine nas operadoras de TV paga.

O Salão de Huda ⭐⭐⭐⭐⭐

Sinopse:

Reem vê sua vida se transformar após uma visita ao salão de beleza de Huda. Exposta em uma situação íntima e chantageada pela dona do lugar, ela agora corre perigo.

Título Original: Huda’s Salon

Direção: Hany Abu-Assad

Roteiro: Hany Abu-Assad

Gênero: Suspense

País: Egito, Países Baixos, Território Palestino Ocupado

Ano: 2021

Duração: 91 minutos

Produção: H&A Productions, Cocoon Films, Doha Film Institute, Film-Clinic, KeyFilm, Lagoonie Film Production, MAD Solutions, Philistine Films

Distribuição Brasil: não encontrado

Disponível: Telecine / Globoplay