Por Flávio Dias
Acabou o Festival do Rio no Telecine 2022. Durante 10
dias foram exibidos bons filmes de vários países. Todos de qualidade, roteiros,
direção e atuações, se não perfeitas, não deixaram a desejar. Pelo contrário:
suas personagens foram bem condizentes com as tramas apresentadas. Um detalhe
interessante: dos 9 filmes, somente 1 não tem o diretor como roteirista. A
maioria também são produções independentes, fora do eixo de grandes produtoras
e estúdios.
O Telecine poderia trazer mais festivais no seu streaming. No ano
passado o Festival do Rio no Telecine
trouxe 15 filmes (confira a lista de 2021 abaixo) no mesmo nível de qualidade
desde ano. Todos estão disponíveis no streaming do Globoplay. Pode ser festival
com filmes brasileiros, de um país específico, um tema. Um por mês estará bom
demais para os amantes do cinema. O mesmo para outros canais do grupo Globo, como o Canal Brasil. Mas é uma felicidade ter um streaming fazendo um
especial como foi o Festival do Rio para todos os assinantes. Vale muito a
pena.
Confira a lista do melhor
para o menos melhor, pois não houve filme totalmente ruim. A indicação é por
estrelas de 5 a 3 e que eu considero o melhor de todos.
5
Estrelas:
3 filmes entraram para a
categoria dos melhores do Festival do Rio no Telecine. “A Felicidade das Pequenas Coisas” foi o melhor, seguido de “Blue Bayou” e “O Salão de Huda”. Imperdíveis, com direções e roteiros excelentes,
além de atuações na medida certa para as tramas apresentadas.
A Felicidade das Pequenas Coisas ⭐⭐⭐⭐⭐
Ugyen,
um professor do Butão, é enviado para uma vila no Himalaia. Desafiado a
lecionar sem nenhuma estrutura, ele percebe que tem muito a aprender com os
moradores de lá.
Indicado
ao Oscar de Melhor Filme Internacional 2022.
Título
Original: Lunana: A Yak In The Classroom
Direção:
Pawo Choyning Dorji
Roteiro:
Pawo Choyning Dorji
Gênero:
Drama, Aventura
País:
Butão, China
Ano:
2019
Duração:
110 minutos
Produção:
Dangphu Dingphu, Huanxi Media Group
Distribuição
Brasil: Pandora Filmes
Disponível:
Telecine / Globoplay
Blue Bayou ⭐⭐⭐⭐⭐
Antonio
LeBlanc é coreano-americano criado em Bayou. Quando descobre que pode ser
deportado do país, ele terá de encarar os fantasmas de seu passado.
Título
Original: Blue Bayou
Direção:
Justin Chon
Roteiro:
Justin Chon
Gênero:
Drama
País:
Estados Unidos, Canadá
Ano:
2021
Duração:
117 minutos
Produção:
Entertainment One, MACRO
Distribuição
Brasil: Universal Pictures
Disponível:
Telecine / Globoplay
O Salão de Huda ⭐⭐⭐⭐⭐
Reem
vê sua vida se transformar após uma visita ao salão de beleza de Huda. Exposta
em uma situação íntima e chantageada pela dona do lugar, ela agora corre
perigo.
Título
Original: Huda’s Salon
Direção:
Hany Abu-Assad
Roteiro:
Hany Abu-Assad
Gênero:
Suspense
País:
Egito, Países Baixos, Território Palestino Ocupado
Ano:
2021
Duração:
91 minutos
Produção:
H&A Productions, Cocoon Films, Doha Film Institute, Film-Clinic, KeyFilm,
Lagoonie Film Production, MAD Solutions, Philistine Films
Distribuição
Brasil: não encontrado
Disponível:
Telecine / Globoplay
4
Estrelas:
“Noites de Paris”, “Rabiye
Kurnaz Vs. George W. Bush” e “O
Contador de Cartas” não fogem as regras de boas direções, roteiros e
atuações, mas ficaram um pouco abaixo do esperado. Mesmo assim são ótimas
opções de bom cinema.
Noites de Paris ⭐⭐⭐⭐
Elisabeth
tem dois filhos jovens, e está passando pelo divórcio. No primeiro emprego, ela
conhece Talulah e cria uma conexão materna, acolhendo a menina na família.
Título
Original: Les Passagers de la Nuit
Direção:
Mikhaël Hers
Roteiro:
Maud Ameline, Mariette Désert, Mikhaël Hers
Gênero:
Drama
País:
França
Ano:
2022
Duração:
111 minutos
Produção:
Nord-Ouest Films, Arte France Cinéma, Canal+, Ciné+
Distribuição
Brasil: MK2 Films
Disponível:
Telecine / Globoplay
Rabiye Kurnaz Vs. George W. Bush ⭐⭐⭐⭐
Rabiye
Kurnaz é uma mãe turca-alemã e está determinada a lutar pela liberdade de seu
filho, que foi acusado pelo governo norte-americano de terrorismo.
Título
Original: Rabiye
Direção:
Andreas Dresen
Roteiro:
Laila Stieler
Gênero:
Drama
País:
Alemanha, França
Ano:
2022
Duração:
119 minutos
Produção:
Cinéma Defacto, Iskremas Filproduktion, Pandora Filmproduktion
Distribuição
Brasil: não encontrado
Disponível:
Telecine / Globoplay
O Contador de Cartas ⭐⭐⭐⭐
William
Tell é um ex-interrogador militar que se torna um jogador de cartas e agora é
assombrado por fantasmas de suas decisões do passado.
Título
Original: The Card Counter
Direção:
Paul Schrader
Roteiro:
Paul Schrader
Gênero:
Policial, Drama, Suspense
País:
Estados Unidos, Reino Unido, China, Suécia
Ano:
2021
Duração:
111 minutos
Produção:
Focus Features, LB Entertainment, Astrakan Fim AB, Bona Film Group, Convergent
Media, HanWay Films, Enriched Media, On Two Twenty Entertainment, Redine
Entertainment
Distribuição
Brasil: Universal Pictures
Disponível:
Telecine Globoplay
3
Estrelas:
4 filmes entraram para a
categoria de bons, mas não excelentes, apesar da qualidade apresentada. “Arthur Rambo: Ódio nas Redes”, “Olga”, “O Pai da Rita” e “A Última
Noite” deixaram uma sensação que faltava algo para serem realmente muitos
bons. As tramas em si de cada um têm suas especificidades, mas não tem
evoluções cinematográficas como os outros da lista.
Arthur Rambo – Ódio Nas Redes ⭐⭐⭐
Karim
D. é um jovem escritor de sucesso. Quando seu passado como Arthur Rambo, um
perfil com mensagens de ódio vem à tona, ele deve enfrentar duras
consequências.
Título
Original: Arthur Rambo
Direção:
Laurent Cantet
Roteiro:
Fanny Burdino, Laurent Cantet, Samuel Doux
Gênero:
Drama
País:
França
Ano:
2021
Duração:
87 minutos
Produção:
Les Films de Pierre, France 2 Cinéma, Memento Films, CNC, France, Télévisions,
Canal+, Ciné+
Distribuição
Brasil: Vitrine Filmes
Disponível:
Telecine / Globoplay
Olga (2021) ⭐⭐⭐
Olga
é uma jovem ginasta ucraniana exilada na Suíça. O desgaste dos treinos e a
recente revolução em seu país fazem com que o clima de tensão aumente em sua
vida.
Título
Original: Olga
Direção:
Elie Grappe
Roteiro:
Raphaëlle Desplechin, Elie Grappe
Gênero:
Drama
País:
Suíça, França, Ucrânia
Ano:
2021
Duração:
85 minutos
Produção:
Point Prod, Cinémadefacto, Canal+, Ciné+, CNC, Pulsar Content, RTS
Distribuição
Brasil: Não encontrado
Disponível:
Telecine / Globoplay
O Pai da Rita ⭐⭐⭐
A
amizade de Roque e Pudim é posta à prova com a chegada de Ritinha, filha da
mulher que ambos amaram na juventude. Com ela, vem a questão: quem é o pai da
garota?
Título
Original: O Pai da Rita
Direção:
Joel Zito Araújo
Roteiro:
Joel Zito Araújo, Di Moretti
Gênero:
Comédia
País:
Brasil
Ano:
2021
Duração:
97 minutos
Produção:
Casa de Criação
Distribuição
Brasil: O2 Play
Disponível:
Telecine / Globoplay
A Última Noite ⭐⭐⭐
Nell
e Simon organizam um jantar de Natal para seus amigos próximos. Entretanto há
uma catástrofe ambiental assolando o mundo e esse jantar será a última noite de
suas vidas.
Título
Original: Silent Night
Direção:
Camille Griffin
Roteiro:
Camille Griffin
Gênero:
Comédia, Drama
País:
Reino Unido
Ano:
2021
Duração:
92 minutos
Produção:
Marven Screen Media, Marv Films
Distribuição
Brasil: Paris Filmes
Disponível:
Telecine / Globoplay
Confira a lista dos 15
filmes do Festival do Rio no Telecine
2021, exibido entre os dias 17 de julho a 31 de julho. Foram 2 filmes com 5
estrelas, 4 com 4 estrelas e 9 com 3 estrelas. A ordem está do melhor de 5 para
3 estrelas. Todos os filmes estão disponíveis no Telecine.
Edifício Gagarine ⭐⭐⭐⭐⭐
Youri é um rapaz que mora em um conjunto habitacional e sonha em ser astronauta. Mas o prédio corre o risco de demolição e os moradores de serem despejados.
Tudo perfeito neste filme francês sobre um conjunto habitacional com o nome do astronauta Youri Gagarin, o primeiro homem a viajar para o espaço em 1961. O edifício Gagarine realmente existiu e no longa tem imagens de arquivos do prédio no subúrbio de Paris. Os diretores Fanny Liatard e Jérémy Trouilh usam muito bem a câmera focada no sonho do rapaz e no prédio como se fosse uma filmagem espacial. Ao mesmo tempo fazem uma crítica a demolição de prédios que bastariam apenas reformar, sem precisar deslocar os moradores para outros locais. Muitos não têm nem para onde irem.
Como cinema é belíssimo, com ótima direção, roteiro e bons jovens atores nos papéis principais.
Ainda Há Tempo ⭐⭐⭐⭐⭐
John (Viggo Mortensen) mora na Califórnia com o
marido e sua filha, longe da vida da fazenda da família. Mas quando o pai
Willis (Lance Henriksen) começa a apresentar sinais de demência, decide vender
a casa e trazer o pai para a cidade. Willis se recusa a quebrar vários
preconceitos e a lidar com a homossexualidade do filho.
O ator indicado 3 vezes ao Oscar e ao Bafta e 4
vezes ao Globo de Ouro, faz uma excelente estreia na direção, além de
roteirizar, produzir e fazer a produção musical. É um filme sensível num embate
entre filho e seu pai doente. John tem a paciência na intolerância e amargura
do pai Willis, um preconceituoso e teimoso com as questões da vida. Lance Henriksen
em um excelente trabalho como nunca antes visto na tela. O ator geralmente faz
mais filmes sem muito impacto de atuação. O longa mostra a infância e
adolescência de John com o pai, em uma forma de descobrir de onde vem tanta
dor. No elenco ainda tem Laura Linney, Terry Chen e Sverrir Gudnason.
Dias Melhores ⭐⭐⭐⭐
A adolescente Chen Nian estuda para passar no
concorrido vestibular na China. No entanto, convive com o bullying de colegas.
A jovem encontra Xiao Bei, um desajustado jovem que vai ajudar como seu
protetor.
Hoje o bullying é um grande mal para a infância
e juventude. E não importa onde você mora. O filme trata de maneira as vezes
cruel e ao mesmo tempo dosa com delicadeza. De qualquer forma, o diretor Derek
Tsang consegue passar a mensagem: o bullying deixa marcas e consequências.
Há cenas fortes com jovens atores. O destaque
vai para as ótimas interpretações de Zhou Dongyu e Jackson Yee. Eles conseguem
passar emoção com suas personagens em um tema necessário. Indicado ao Oscar
2021 de melhor filme estrangeiro.
Druk: Mais Uma Rodada ⭐⭐⭐⭐
Um grupo de amigos faz uma experiência com uma
quantidade de álcool que poderá alcançar resultados positivos e negativos em
suas vidas. E aos poucos aumentam a dose diariamente.
A proposta do ganhador do Oscar 2021 de filme
estrangeiro é interessante, mas ao mesmo tempo perigosa. Os 4 amigos na faixa
de idade dos 50 anos na verdade querem apenas recuperar a juventude através da
bebida, tendo sensações novas para uma vida já sem muitas novidades. A direção
de Thomas Vinterberg é muito boa e o elenco está em boa sintonia. Mads
Mikkelsen fica melhor em filmes independentes do que em grandes filmes
comerciais de Hollywood.
A Boa Esposa ⭐⭐⭐⭐
Paulette e seu marido dirigem uma escola que
educa adolescentes para serem esposas e donas de casa. Quando o marido morre,
descobre que a escola está a beira da falência e fará de tudo para contornar a
situação. Com a efervescência social de 1968, faz com que que ela e suas alunas
repensem suas crenças e ideias.
O filme de Martin Provost foca na sociedade dos
anos 60 e a revolução feminina através da escola de boa esposa. O trio de
atrizes brilham nesta comédia com tom crítico pelos direitos das mulheres.
Juliette Binoche como Paulette, a orientadora da escola; Yolande Moreau, sua
cunhada Gilberte e Noémie Lvovsky a freira controladora mal-humorada conduzem
muito bem suas personagens. E também mostra que as jovens alunas não querem
ficar presas em um casamento. O final do filme vem com uma mensagem cantada bem
atual.
Quo Vadis, Aida? ⭐⭐⭐⭐
Aida Selmanagic é uma tradutora que trabalha em
uma missão da ONU na cidade de Srebrenica. Quando a região é dominada pelo
exército sérvio, milhares de cidadãos buscam abrigo no acampamento onde ela
trabalha. Enquanto lida com as negociações que envolvem o conflito diplomático,
Aida fará de tudo para tirar a família do meio do fogo cruzado.
O conflito na Bósnia entre 1992 a 1995 dividiu a
região criando novos Estados nações. Foi um período de milhares de mortes,
estupros e erros por parte da Otan e ONU. Tudo por controle de regiões, por
política e divisão étnicas.
Quo Vadis em latim significa para onde vais. O
filme mostra Aida fazendo de tudo para não separar e salvar a família, ao mesmo
tempo que trabalha com tradutora e tentando entender os movimentos do conflito.
Também o longa deixa claro os erros nas negociações da ONU com o General
Mladic, permitindo a retirada dos milhares de civis do acampamento.
É um filme denso, com atuação perfeita de Jasna
Djuricic. Indicado a filme estrangeiro no Oscar e no Bafta, sendo que também
indicado ao último para direção de Jasmila Zbanic.
Bela Vingança ⭐⭐⭐
Cassie (Carey Mulligan) é uma mulher com muitos
traumas do passado que frequenta bares todas as noites e finge estar bêbada.
Quando homens mal-intencionados se aproximam dela com a desculpa de que vão
ajudá-la, Cassie entra em ação e se vinga dos predadores que tiveram o azar de
conhecê-la.
A sinopse acima é promissora como o título
original: "Promising Young Woman" ou jovem promissora. O filme
ganhador do Oscar 2021 de melhor roteiro original de Emerald Fennell não é
perfeito. O problema está no meio da trama: a mulher encontra um homem e passa
praticamente a esquecer sua vingança, mas descobre que ele fez parte de um
evento do passado. É tão comum como qualquer outro filme onde o tema é a
vingança, que quase acaba com todo o roteiro. Felizmente a direção e a boa
atuação de Carey Mulligan salvam do desastre, diante do resto do elenco bem
abaixo do esperado. Principalmente por se tratar de assédio e abuso com as
mulheres. O final do longa surpreende.
O Mauritano ⭐⭐⭐
A história real de Mohamedou pela liberdade após
ficar preso no campo de Guantánamo por anos por ter uma suposta ligação com o
atentado de 11 de setembro de 2001. A advogada Nancy Hollander entra no caso
para ajudá-lo.
Dirigido por Kevin MacDonald, o longa com 5
indicações ao Bafta e 2 no Globo de Ouro, sendo vencedor na categoria de melhor
atriz para Jodie Foster, mostra a crueldade na prisão localizada em Cuba e a
luta para liberdade de presos sem provas de acusações. O filme é meio lento no
início, mas tem cenas fortes de tortura. O elenco, além de Foster, conta com
Tahar Rahim, Shailene Woodley, Benedict Cumberbatch.
Noite de Reis ⭐⭐⭐
Um jovem criminoso é transferido para a prisão
La Maca na Costa do Marfim, dominada pelos detentos. O rapaz submete-se a um
ritual da lua vermelha. Para sobreviver, ele deve contar uma história que vai
da noite ao amanhecer.
Filmes sobre presídios sempre são complicados.
Já vem à cabeça violência extrema e mortes. Violência tem e mortes também,
porém mais leve do que esperado. Mas aqui o fato maior é do jovem vivido por
Bakary Koné. Ao chegar na prisão o "dono" do local Barba Negra (Steve
Tientcheu), doente e acreditando que vai morrer, denomina o jovem o Roman, o
homem que terá que contar uma história até o amanhecer. As boas atuações e a
direção de Philippe Lacôte entregam um bom resultado. O longa africano faz
bonito. E como é raro ver filmes africanos nos streamings e na TV. Curiosidade:
é citado "Cidade de Deus", filme brasileiro conhecido pelo mundo.
Indicado a prêmios internacionais como melhor filme estrangeiro como no
Independent Spirit Award e Festival de Veneza.
Verão de 85 ⭐⭐⭐
No verão de 85, Alexis vive na costa da
Normandia, quando é salvo pelo jovem David. Os dois rapidamente desenvolvem uma
amizade que transforma Alexis.
A trama começa com um suspense sobre a morte de
alguém e desenvolve para a história contada por Alexis, vivido por Félix
Lefebvre e seu mais que amigo David (Benjamin Voisin). É um romance homoafetivo
bem dirigido por François Ozon, com a produção bem pontuada nos anos 80,
incluindo músicas da época. Os jovens atores atuam bem e o roteiro é agradável.
A Candidata Perfeita ⭐⭐⭐
Em uma pequena cidade saudita, a jovem médica
Maryan Alsafan (Mila Al Zahrani) decide se candidatar às eleições municipais
com o objetivo de trazer melhorias para a clínica onde trabalha. Entretanto,
ela terá que lidar com seu impacto na cultura conservadora do local, que
afetará não só a ela, mas também a sua família.
Em um país como a Arábia Saudita onde as
mulheres não têm seus direitos igualitários, ter uma mulher nas decisões de uma
região é muito difícil. No caso do filme, Maryan se candidata para melhorar o
acesso ao hospital, com água e lama para entrar com os pacientes. Mesmo
enfrentando os homens, impacta na vida da família, inclusive mudando o
pensamento e ideias das irmãs. O longa tem bom ritmo e atores na medida certa
para o tema. A direção é de Haifaa Al-Mansour. Indicado ao Leão de Ouro no
Festival de Veneza em 2019.
DNA ⭐⭐⭐
Neige é uma mulher divorciada que possui uma
relação muito forte com seu avô argelino Emir. Quando ele morre, se vê diante
de uma grande instabilidade dentro da família enquanto lida com sua própria
crise de identidade.
Dirigido e estrelado por Maïwenn, o filme mostra
os conflitos na família depois da morte do avô considerado uma grande
personalidade por sua história de vida e luta. O início do longa chega bem
próximo da vivência diante da perda de um parente, principalmente em uma
família numerosa: brigas, apoio, conflitos, ideias, amizades, etc. A personagem
Neige vai em busca das suas raízes argelinas, cujo avô participou dos eventos
da independência. A Argélia é um país africano que foi por anos possessão
francesa, conquistando a independência em 1962. Um bom filme de drama, bem
roteirizado e dirigido.
Caros Camaradas! Trabalhadores Em Luta ⭐⭐⭐
Em 1962, uma devota executiva do partido comunista,
está convicta de que seu trabalho criará uma nova sociedade. Mas depois de um
massacre de trabalhadores em greve e do desaparecimento da filha, sua visão de
mundo começa a ruir e questiona suas crenças.
O filme russo de Andrey Konchalovskiy é uma
crítica sobre a política e o socialismo na era da guerra fria da União
Soviética. Ao mesmo tempo questiona o que mudou na Rússia dos dias atuais. O
ponto forte do filme é a fotografia em preto e branco. Concorreu ao Bafta de
filme estrangeiro.
Slalom: Até O Limite ⭐⭐⭐
Lyz é uma jovem e determinada atleta de esqui
que se junta a equipe do técnico Fred. A intensidade e a constante pressão
afetam o psicológico e a performance da atleta.
A grande questão do longa francês está na paixão
da jovem e nos abusos do técnico, psicologicamente e sexualmente. O desejo de
vencer, não só da jovem, mas também obstinadamente do técnico, faz ela aceitar
os abusos, tentando se concentrar nos treinos para o grande campeonato.
O ponto forte é a direção e a fotografia nas
montanhas congeladas. Mas faltou maior intensidade sobre o tema dos abusos nos
esportes.
De Volta À Itália ⭐⭐⭐
Em De Volta à Itália, Robert (Liam Neeson),
um artista boêmio, viaja de Londres para a Itália com seu filho Jack (Micheál
Richardson) para vender a casa que herdou de sua falecida esposa.
Até aqui é o filme mais fraco do Festival do
Rio. Parece mais um déjà vu de outros longas com o mesmo tema: pai e filho não
se relacionam e voltam a se encontrar na Itália. O filho se apaixona por uma
mulher. Aliás, a casa na Toscana já foi vista em outros filmes como "Um
Bom Ano" e "Cartas para Julieta". A grande novidade foi ver Liam
Neeson sem armas em punho, em meio a lutas pirotécnicas e não sendo perseguido
ou perseguindo, algo bem comum em muitos anos.
Resumo: um filme bonzinho.
Fontes:
Rede Telecine /
Globoplay
https://globoplay.globo.com/canais/telecine/
Imagens:
Telecine / Globoplay
via print no site