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quarta-feira, 23 de março de 2022

Semana do Oscar: A Tragédia de Macbeth

Por Flávio Dias

Baseado na peça de William Shakespeare, “A Tragédia de Macbeth” é uma obra de arte na tela. O diretor Joel Coen trouxe a história de Macbeth que trama para assassinar o rei Duncan para fazer o seu próprio reinado, como as três bruxas profetizam no caminho da volta para casa depois de uma vitória durante a guerra. Ele conta com a ajuda da esposa para cumprir o desejo de ser o novo rei da Escócia.

Denzel Washington, Frances MaDormand e
Joel Coen no lançamento do filme
.

Não é um filme fácil de assistir. Tudo encenado como no teatro e em preto em branco, os diálogos e cenas são importantes para o longa. Ao mesmo tempo parece que tudo passa muito rápido. Por isso, é preciso muita atenção em cada detalhe. Destaque para a atuação perfeita de Denzel Washington. Faz um Macbeth na metida certa, com movimentos precisos e com um olhar de expressão bem condizente com a personagem. Não posso falar o mesmo de Frances McDormand. Sua atuação fica abaixo do esperado de outros trabalhos da atriz ganhadora de 4 estatuetas do Oscar, incluindo do ano passado por “Nomadland”. Isso em um filme dirigido pelo marido.



O filme, mesmo com jeito de teatro na tela, usa efeitos especiais de primeira linha e sem exageros como nos super-heróis que invadem os cinemas, streaming e TV. Os movimentos da câmera são bem diferentes do que costuma ser a direção dos irmãos Coen. Joel preferiu, em sua primeira obra sem a parceria do irmão Ethan, não usa os truques que sempre permearam seus trabalhos. Aqui resolveu cuidar de cada cena, cada gesto dos atores, do cenário da trama. Mesmo assim, só o telespectador mais aficionado nas obras de Shakespeare, vai entender cada ato. Os diálogos estão sempre presentes, quase interruptamente.

Outra característica muito forte no filme, é a excelente fotografia de Bruno Delbonnel, indicado 6 vezes ao Oscar. O preto e branco marca muito bem cada cena. Não é um filme obscuro, apesar da trama. É bem iluminado até mesmo em situações trágicas de morte. Uma escolha interessante para uma história de ambição, tragédias e morte.

Denzel e Frances em cena de Macbeth


O filme não tem muitas chances de ganhar nas três categorias que está disputando: ator, fotografia e design de produção. Ganhou poucos prêmios indicados nos eventos cinematográfico. Resta saber se no Oscar vai levar a cobiçada estatueta.

 

Carreiras



Denzel Washington é o ator negro mais indicado ao Oscar, conquistando sua nona indicação, sendo que ganhou duas vezes por “Tempo de Glória” (Glory, 1989) como melhor ator coadjuvante e melhor ator em “Dia de Treinamento” (Training Day, 2001). Ainda recebeu uma indicação de melhor filme como produtor em “Um Limite Entre Nós” (Fences, 2017). Com 67 anos, casado com Paulette Washington e pai de 3 filhos, é um dos melhores atores de uma geração. Interpretou várias personalidades reais no cinema como Malcolm X em “Malcolm X” (1992), Rubin Hurricane em “Hurricane: O Furacão” (The Hurricane, 1999), Steve Biko em “Um Grito de Liberdade” (Cry Freedom, 1987), entre outros. O maior número de indicações, até então, pertencia a Sidney Poitier com apenas duas, sendo que ganhou por “Uma Voz nas Sombras” (Lilies of the Field, 1963) e um Oscar Honorário em 2002, no mesmo ano que Denzel ganhou por “Dia de Treinamento”. Citou na premiação do seu amigo e admirador dizendo: “Quarenta anos eu tenho perseguido Sidney. Eles finalmente me dão. O que eles fazem? Eles dão a ele na mesma noite”. Halle Berry ganhou por “A Última Ceia” (Monster’s Ball, 2001) no mesmo ano, o primeiro Oscar para uma mulher negra como melhor atriz. Anteriormente somente Hattie McDaniel que venceu como melhor atriz coadjuvante em “...E O Vento Levou” (Gone with the Wind, 1939). Na categoria melhor atriz a primeira indicação foi para Dorathy Dandridge no filme “Carmen Jones” (1954) As posteriores a Dorothy somente foram indicadas. Poitier morreu no dia 6 de janeiro desde ano de insuficiência cardíaca e câncer na próstata aos 94 anos.




Joel Coen sempre trabalhou com seu irmão Ethan Coen. No total foram 25 filmes juntos na direção. Eles também produzem e escrevem seus próprios filmes. Tem 15 indicações, sendo 3 para direção, 2 para roteiro original, 5 para roteiro adaptado, 2 por edição, 3 para melhor filme. Ganhou de roteiro adaptado para “Fargo” (1996); melhor filme, direção e roteiro adaptado para “Onde os Fracos Não Têm Vez” (No Country For Old Men, 2007). Casado com Frances McDormand desde 1984, fizeram 5 filmes juntos.



Das 6 indicações de Frances McDormand ao Oscar, ganhou 3 por “Fargo” (1996) - o único dirigido por Joel -, “Três Anúncios Para Um Crime” (Three Billboards Outside Ebbling, Missouri, 2017) e “Nomadland” (2020). Eles adotaram Pedro no Paraguai, único filho do casal. Frances também é filha adotiva. A atriz virou figurinha fácil em prêmios, sempre com grandes chances de vencer seus concorrentes. Não foi indicada para o Oscar 2022.

 

Ficha Técnica

⭐⭐⭐⭐

A Tragédia de Macbeth

Título Original: The Tragedy of Macbeth

Direção: Joel Coen

Duração: 105 minutos

País: Estados Unidos

Ano: 2021

Produção: A24, IAC Films

Distribuição Brasil: AppleTV+

Disponível: AppleTV+

 




Fontes:

https://www.imdb.com/title/tt10095582/?ref_=hm_rvi_tt_t_7

https://www.adorocinema.com/filmes/filme-273063/

https://tv.apple.com/br?ctx_brand=tvs.sbd.4000&l=pt

 

Imagens:

Google

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