Por
Flávio Dias
Baseado na peça de William Shakespeare, “A Tragédia de Macbeth” é uma obra de
arte na tela. O diretor Joel Coen
trouxe a história de Macbeth que trama para assassinar o rei Duncan para fazer
o seu próprio reinado, como as três bruxas profetizam no caminho da volta para
casa depois de uma vitória durante a guerra. Ele conta com a ajuda da esposa
para cumprir o desejo de ser o novo rei da Escócia.
Denzel Washington, Frances MaDormand e Joel Coen no lançamento do filme. |
Não é um filme fácil de assistir. Tudo encenado como no teatro e em preto em branco, os diálogos e cenas são importantes para o longa. Ao mesmo tempo parece que tudo passa muito rápido. Por isso, é preciso muita atenção em cada detalhe. Destaque para a atuação perfeita de Denzel Washington. Faz um Macbeth na metida certa, com movimentos precisos e com um olhar de expressão bem condizente com a personagem. Não posso falar o mesmo de Frances McDormand. Sua atuação fica abaixo do esperado de outros trabalhos da atriz ganhadora de 4 estatuetas do Oscar, incluindo do ano passado por “Nomadland”. Isso em um filme dirigido pelo marido.
O filme, mesmo com jeito
de teatro na tela, usa efeitos especiais de primeira linha e sem exageros
como nos super-heróis que invadem os cinemas, streaming e TV. Os movimentos da
câmera são bem diferentes do que costuma ser a direção dos irmãos Coen. Joel
preferiu, em sua primeira obra sem a parceria do irmão Ethan, não usa os
truques que sempre permearam seus trabalhos. Aqui resolveu cuidar de cada cena,
cada gesto dos atores, do cenário da trama. Mesmo assim, só o telespectador
mais aficionado nas obras de Shakespeare, vai entender cada ato. Os diálogos estão sempre presentes, quase
interruptamente.
Outra característica
muito forte no filme, é a excelente fotografia de Bruno Delbonnel, indicado 6 vezes ao Oscar. O preto e branco marca
muito bem cada cena. Não é um filme obscuro, apesar da trama. É bem iluminado
até mesmo em situações trágicas de morte. Uma escolha interessante para uma
história de ambição, tragédias e morte.
Denzel e Frances em cena de Macbeth |
O filme não tem muitas
chances de ganhar nas três categorias que está disputando: ator, fotografia e
design de produção. Ganhou poucos prêmios indicados nos eventos
cinematográfico. Resta saber se no Oscar vai levar a cobiçada estatueta.
Carreiras
Denzel
Washington é o ator negro mais indicado ao Oscar, conquistando
sua nona indicação, sendo que ganhou duas vezes por “Tempo de Glória” (Glory, 1989) como melhor ator coadjuvante e
melhor ator em “Dia de Treinamento”
(Training Day, 2001). Ainda recebeu uma indicação de melhor filme como produtor
em “Um Limite Entre Nós” (Fences,
2017). Com 67 anos, casado com Paulette Washington e pai de 3 filhos, é um dos
melhores atores de uma geração. Interpretou várias personalidades reais no
cinema como Malcolm X em “Malcolm X”
(1992), Rubin Hurricane em “Hurricane: O
Furacão” (The Hurricane, 1999), Steve Biko em “Um Grito de Liberdade” (Cry Freedom, 1987), entre outros. O maior número de indicações, até então, pertencia a Sidney
Poitier com apenas duas, sendo que ganhou por “Uma Voz nas Sombras” (Lilies of the
Field, 1963) e um Oscar Honorário em
2002, no mesmo ano que Denzel ganhou por “Dia
de Treinamento”. Citou na premiação do seu amigo e admirador dizendo: “Quarenta anos eu tenho perseguido Sidney.
Eles finalmente me dão. O que eles fazem? Eles dão a ele na mesma noite”. Halle Berry ganhou por “A Última Ceia” (Monster’s Ball, 2001)
no mesmo ano, o primeiro Oscar para uma mulher negra como melhor atriz.
Anteriormente somente Hattie McDaniel
que venceu como melhor atriz coadjuvante em “...E O Vento Levou” (Gone with the Wind, 1939). Na categoria melhor
atriz a primeira indicação foi para Dorathy
Dandridge no filme “Carmen Jones”
(1954) As posteriores a Dorothy somente foram indicadas. Poitier morreu no dia
6 de janeiro desde ano de insuficiência cardíaca e câncer na próstata aos 94
anos.
Joel
Coen
sempre trabalhou com seu irmão Ethan
Coen. No total foram 25 filmes juntos na direção. Eles também produzem e
escrevem seus próprios filmes. Tem 15 indicações, sendo 3 para direção, 2 para
roteiro original, 5 para roteiro adaptado, 2 por edição, 3 para melhor filme.
Ganhou de roteiro adaptado para “Fargo”
(1996); melhor filme, direção e roteiro adaptado para “Onde os Fracos Não Têm Vez” (No Country For Old Men, 2007). Casado
com Frances McDormand desde 1984, fizeram 5 filmes juntos.
Das 6 indicações de Frances McDormand ao Oscar, ganhou 3
por “Fargo” (1996) - o único
dirigido por Joel -, “Três Anúncios Para
Um Crime” (Three Billboards Outside Ebbling, Missouri, 2017) e “Nomadland” (2020). Eles adotaram Pedro
no Paraguai, único filho do casal. Frances também é filha adotiva. A atriz
virou figurinha fácil em prêmios, sempre com grandes chances de vencer seus
concorrentes. Não foi indicada para o Oscar 2022.
Ficha
Técnica
⭐⭐⭐⭐
A Tragédia de Macbeth
Título
Original: The Tragedy of Macbeth
Direção:
Joel Coen
Duração:
105 minutos
País:
Estados Unidos
Ano:
2021
Produção:
A24, IAC Films
Distribuição
Brasil: AppleTV+
Disponível:
AppleTV+
Fontes:
https://www.imdb.com/title/tt10095582/?ref_=hm_rvi_tt_t_7
https://www.adorocinema.com/filmes/filme-273063/
https://tv.apple.com/br?ctx_brand=tvs.sbd.4000&l=pt
Imagens:
Google
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