Por
Flávio Dias
Ontem, dia 26 de abril,
acabou o a 22ª edição do Big Brother
Brasil na TV Globo, consagrando Arthur Aguiar campeão, Paulo André em segundo lugar e Douglas Silva na terceira colocação. Não
vai deixar saudades. Pouco se salva nesta edição. Participantes em sua maioria
ruins, provas lentas e demoradas sem grandes dinâmicas e criativas, campeão sem
carisma. Nem tudo foi ruim. Dentro da casa a participação da Linn da Quebrada, ou melhor, Lina Pereira (a minha favorita para ter
levado o prêmio), Jessi e Pedro Scooby foram os destaques entre
os 22 participantes. O novo apresentador do reality show Tadeu Schmidt deu o seu tom para tentar salvar o programa. Paulo Vieira e Dani Calabresa foram os pontos altos trazendo humor afiado.
Arthur Aguiar venceu o BBB22 Foto: TV Globo/divulgação |
O campeão Arthur Aguiar ganhou mais fora do que dentro da casa. Casado com a “coach” de emagrecimento Maíra Cardi, ex-BBB, puxou os votos massivos. A própria admitiu que contratou 50 pessoas para o seu marido ser o campeão em entrevista ao vivo pós-saída dele da casa: “Sua equipe inteira foi demitida. Demiti todo mundo, mas sobraram algumas pessoas. Quando você voltar, vai ter que conhecer 50 pessoas novas na sua equipe”. Isso mostra a força do dinheiro para ganhar um programa. Nas redes sociais já haviam acusações que Maíra estaria pagando influencers, colunistas e jornalistas que cobrem o programa para fazer de Arthur o campeão. Com votação massiva, sem limite por CPF, fica claro que isso possivelmente aconteceu. Pelo menos é o que dá margem de entendimento, levando em conta a frase dela dita no programa comandado por Rafa Kalliman. Também houve outras polêmicas, como a troca de farpas entre Maíra Cardi e Luana Piovani: causaram mais do que os participantes dentro da casa.
Tadeu Schmidt o novo comandante do BBB Imagem: TV Globo/divulgação |
Do início ao fim, a tragédia estava sendo desenhada. Com elenco mais apático, a direção do programa tentou fazer o show ser melhor do que aparecia na tela. Mas alguns acontecimentos mexeram com o reality: o balde na cabeça de Natália levando a expulsão de Maria; Tiago Abravanel abandonando a disputa ao apertar o botão de desistência; liderança de Lina dado por Scooby, Paulo André e Douglas Silva; os quadros de Dani Calabresa no “C.A.T. BBB”; do Paulo Vieira com os eliminados no “Big Terapia”; “O Brasil Tá Vendo” foram a salvações pontuais durante os 100 dias. De resto foi um desastre total. Tanto que Tiago Abravanel, em seu show agora em abril, falou que o BBB flopou (fracassou). Ora, Tiago, você contribuiu com o flop. As redes sociais não perdoaram as cenas flopadas. Um meme um atrás do outro. Com certeza Abravanel teve os melhores memes dessa temporada. Além disso, a “Casa de Vidro” teve dinâmica pobre (votação para entrar ou não na casa) entre Gustavo e Larissa, “Quarto Secreto” enfadonho com Arthur escolhendo o que os brothers teriam ou não. A volta dele para a casa foi completamente sem emoção. Não repetiu o efeito de Gleici do BBB18. Aliás, a direção fez péssimas escolhas de dinâmicas. Todas bem mal elaboradas e nada de novidades para qualquer um participante e para o público. Boninho e Rodrigo Dourado, diretores do BBB, não souberam inovar, usando provas de outras edições, em sua maioria sonolentas, demoradas e sem emoção. Foi a edição que teve só homens na final. Linn da Quebrada, Natália e Jessi foram as últimas mulheres a saírem da casa. E também do grupo Camarote (famosos), que desde 2020 participam do programa. O último do grupo Pipoca (anônimos), Elieser, ficou em quarto lugar na disputa. Para completar, o ganhador levou um Fiat Pulse Abarth, que será lançado somente do segundo semestre de 2022, do mesmo modo do ano passado. Dar um carro que não foi lançado, a Fiat preferiu não alavancar a procura pelo carro com um lançamento agora. Tudo foram escolhas erradas. Cadê a equipe de criação? Pergunta que não quer calar.
Os 22 participantes do BBB22 Imagem: TV Globo/divulgação |
Votação
precisa mudar
Diante de votações
massivas, sem limite para uma única pessoa votar, a TV Globo precisa modificar
o modo de votação no Big Brother Brasil. Com influenciadores puxando mutirões
de votos, pagando equipes gigantescas, criando “fatos” para colunistas e
jornalistas da área de entretenimento, é obrigação da emissora alterar esse
parâmetro. Hoje é bem fácil entrar em uma rede social e ver o famoso dizendo
repetidamente em quem seu seguidor deve votar. Ainda mais agora que famosos
milionários estão participando do BBB.
Ou muda, ou não veremos mais personagens fora do grupo de “superestrelas” ganhando
o programa. O correto seria ter um limite de votação, seja um único voto por CPF, ou um número, por exemplo, 10
votos por dia. Mas do jeito que está hoje, não pode ficar.
Arthur Aguiar. Douglas Silva e Paulo André: Os finalistas Imagem: TV Globo/divulgação |
O motivo da alteração é
urgente. Não pode mais deixar as redes sociais tomarem conta das decisões por
um participante com chances alavancadas por equipes com vários computadores,
levando para o ato condenado dos robôs decidindo o destino do reality show. Já
imaginou uma eleição com votos massivos em um candidato político para presidente,
governador e prefeito? Não é real ter 700 milhões de votos, como foi a final
deste ano, em 2 dias. Que fica bem claro que isso são os robôs atuando
fortemente, com apoio de famosos. Criando votação limitada, com certeza Arthur
Aguiar não ganharia. Repito: é
urgente fazer essa mudança.
Boninho, diretor do BBB Imagem: TV Globo/divulgação |
Paulo Vieira e Dani Calabresa na final do BBB Imagem: TV Globo/divulgação |
Outra mudança que precisa
acontecer: as dinâmicas dos dias. O “Jogo
da Discórdia” tem que mudar de segunda para sábado, considero o melhor dia
para não prejudicar a grade de programação. Nas segundas-feiras a programação fica
no sufoco: a novela das 21h termina sempre por volta das 22:45h, vem o BBB com
o “Jogo da Discórdia”, puxando a “Tela
Quente” (com filmes de duração menores e pouco atrativos) para depois da
meia-noite, começando o “Jornal da Globo”
por volta da 1:30h da madrugada. O programa “Conversa com Bial” neste dia chegou a ser cancelado, conforme
notícias veiculadas na imprensa. Houve um estranhamente da produção do Bial com
a do BBB e ficou resolvido que não teriam mais as entrevistas na madrugada de
segunda para terça até o término do reality. O problema acomete todos os dias
da semana. Terça, com a eliminação, o “Profissão
Repórter” (que já vive em horário ingrato há anos) também começa por volta
da meia-noite, o mesmo quinta que tem “Lady
Night”, onde algumas provas para a conquista da liderança foram além da 1h
da madrugada. Na sexta o “Globo Repórter”
e a “Sessão Globoplay” com a série
“S.W.A.T.” começam a partir das
23:30h. No domingo, com a formação do paredão, prova bate-volta, sempre
terminou acima da 1h da manhã.
Lina líder: Scooby, PA e DG desistiram Imagem: TV Globo/divulgação |
Para não ter mais atrasos
na programação, a TV Globo tem que adiantar a grade. A solução é simples: “Jornal Nacional” começando no mínimo a
partir das 20:15h para a novela das 21h terminar as 22h de segunda a sábado.
Claro que diminuir a edição diária do BBB entra no cardápio de oferta para
acabar com mal-estar de outras produções. O que não pode é ficar do jeito que
está. Algo precisa ser feito, para o bem da grade e de seus contratados ficarem
satisfeitos.
Participantes
famosos
Outro fator que precisa
acabar: a participação de famosos milionários. Tiago Abravanel, neto de Silvio Santos, dono do SBT, não precisa dos R$ 1,5 milhão na
sua conta, o mesmo para a cantora Naiara
Azevedo e o ator Arthur Aguiar. Todos eles vivem em mansões. O certo está
em chamar famosos menos conhecidos do grande público, caso de Douglas Silva,
Maria, Linn da Quebrada, entre outros desta edição. Não que haja impulso de um
não famoso para ganhar. No BBB21, Juliette não era conhecida, mas ganhou
puxando voto para sua vitória. Caso esse que não se repetiu neste ano. E pelo
andar da carruagem, no próximo ano terá mais famosos milionários querendo
encher seus cofres, que já ganham sem precisar do programa, terão grandes
chances de impulsionar votações, sendo muitos por meios artificias (robôs ou
contratados para votar). A tendência é de repetição ano a ano caso a direção
não modifique quem deve participar: candidatos de redes sociais famosos, ou só
pessoas desconhecidas.
Um fato é certo: boa
parte dos participantes, desde a primeira edição do Big Brother Brasil, são
encontrados por olheiros, amigos e conhecidos da direção, produção, agências
inscrevendo por conta própria para alavancar um modelo, pessoas que ganham
status nas redes sociais com memes, cursos, influenciadores digitais etc.
Pouquíssimos que realmente se inscrevem participam da atração todo início de
ano. Se você já fez sua inscrição alguma vez, saiba que suas chances são
mínimas para entrar no programa. A seleção, principalmente a atual, dá
preferência para os conhecidos de redes sociais. O resto, que mal tem
visualizações a contento da produção, não chega a pisar em uma seletiva. Outro
fator que precisa mudar para o bem da continuidade da atração.
Final
demorada e chata
A final do Big Brothers
Brasil 22, foi demorada, com edição fazendo histórico do programa e com shows
curtos, sem emoção nenhuma. No dia anterior, na segunda-feira, a edição foi só
isso: melhores momentos e choradeiras desnecessárias. Começou por volta das
22:45h e terminou à 1 hora da madrugada. Não precisava de tanto. Ou melhor, para
a direção precisava: bater recorde de votação. Bateu a edição passada, e ficou
ainda em segundo lugar em número de votação geral, perdendo para a edição do BBB20 no paredão entre Prior, Babu Santana e Manu Gavassi com
1,5 bilhão de votos. No total foram 751.366.679 votos computados, maior que a
final do BBB21 com 633.284.707 votos. Mas a audiência da final ficou em 26.6
pontos, considerado bom, mas abaixo de finais anteriores.
Jão e Linn da Quebrada na final do BBB Imagem: TV Globo/divulgação |
Linn da Quebrada, a Lina Pereira Imagem: TV Globo/divulgação |
No dia de seu aniversário
de 57 anos, a TV Globo lucrou muito com os intervalos comerciais. Com certeza
um presente de aniversário pomposo. Praticamente todos os streamings fizeram
longas propagandas das suas estreias e novidades para o ano. A Netflix com “Stranger Things”, o Prime
Vídeo com “The Boys” e “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder”,
a Disney Plus com o filme da Marvel “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e anunciando Marcos Mion sendo a nova voz de Buzz Lightyer, entre muitos outros
anunciantes de peso.
Antes mesmo de começar o
programa, o BBB22 já era considerado o maior lucro da história. Além dos
patrocinadores, com cotas fechadas em novembro de 2021, com estimados R$ 601
milhões na conta da TV Globo. Com o final da edição, esse valor deve ter sido
bem maior, levando em conta os anunciantes dentro e fora da casa surgidos no
decorrer dos 3 meses no ar.
Seja como for, a edição
do Big Brother Brasil 22, será esquecível. No próximo ano desejo que melhore em
tudo para que o telespectador possa curtir o reality show, vibrar e comemorar
um bom entretenimento. O deste ano foi tudo aquilo que não precisávamos. Tem
como consertar os erros. Basta boa vontade, o que não ocorreu por decisão da
direção e produção da atração já na sua seletiva dos participantes, passando
pelas dinâmicas, eventos musicais. E elevar o que deu certo para a continuação
do espetáculo televisivo. Que venha um Big
Brothers Brasil 23 bem melhor do que foi apresentado este ano.
Fontes:
Imagens:
TV Globo/divulgação
Google imagens