⭐⭐⭐⭐
Por Flávio Dias
Em um futuro próximo,
Cameron Turner é diagnosticado com uma doença terminal. Uma solução
experimental promete livrar a família do sofrimento, tentando mudar o seu
destino de amor, perdas e sacrifício.
O primeiro longa do
diretor Benjamin Cleary, que ganhou o Oscar de melhor curta-metragem por “Shutterer”
em 2016, é totalmente baseado em um conto da mitologia grega, citado por Platão
em referência a Sócrates. A metáfora de criar algo grandioso antes de sua
morte, o cisne branco vive a vida a gorjear sem muita beleza ou sem emitir
sons. Eis que ecoa seu mais belo canto antes de morrer, como um grande feito
artístico para finalizar sua obra-prima.
No filme fica claro a
citação da mitologia no roteiro. O tema não é novo, já explorado, por exemplo,
na série “Black Mirror”, mas a forma é contada de maneira exemplar. Não deixa
pontas soltas pelo caminho. Cameron é casado, a esposa grávida, tem um filho, com
uma profissão de sucesso. Procura uma clínica que clona seu corpo como forma de
perpetuar sua existência. O medo da morte, do sofrimento da família, leva ele a
acreditar que pode impedir todos de não ter mais sua presença, em seu último
canto.
O futurismo no filme passa a ser mero pano de fundo, para justificar a atitude de Cameron. Não são vistos mirabolantes cenários futuristas, cheios de efeitos especiais exagerados. A produção tomou cuidado para não ter um visual acima das atuações e do roteiro. É feito apenas para ilustrar a situação. Aparecem carros, barcos, clones e outras pequenas coisas que remetem a outros filmes com grande carga de efeitos e mecanismos do futuro. O longa é inteiramente focado na personagem de Mahershala Ali, na sua inquietação de deixar a família. As implicações éticas e morais também são abordadas. Os pontos altos do filme ficam com as discussões com “ele” mesmo com bons diálogos. Ou seja, seu clone perfeito. Um embate sobre se está fazendo a coisa certa, se é legal impedir o sofrimento de alguém. Ainda mais sabendo das perdas que teve na sua família. E, é claro, se o experimento realmente funciona.
Esnobado pelo Oscar 2022 em todas as categorias, o elenco é dos melhores. Conta com Mahershala Ali que venceu 2 vezes o Oscar de melhor ator coadjuvante em “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (belíssimo filme disponível na HBO Max) e “Green Book: O Guia” (disponível na Amazon Prime Vídeo e HBO Max). Infelizmente este ano não recebeu indicação. Merecia muito pela boa composição em “O Canto do Cisne”. Mas foi indicado ao BAFTA e ao Globo de Ouro como melhor ator. Naomie Harris como a esposa Poppy também brilha em poucas cenas pontuais e essenciais, sendo o ponto central da decisão tomada por Cameron. Indicada a melhor atriz coadjuvante em “Moonlight”. Glenn Close, com 8 indicações ao Oscar (nunca ganhou), como a Dra. Jo Scott, que faz o experimento, aparece pouco, mas é fundamental na construção do rumo da trama. Ainda Awkwafina como Kate, outra internada para ter o seu clone no seu lugar e Adam Beach como Dalton, psicólogo que faz a avaliação dos pacientes.
O Canto do Cisne
Título Original: Swan
Song
Direção: Benjamin Cleary
Duração: 112 minutos
País: EUA
Ano: 2021
Produção: Anonymous
Content, Concordia Studios, Apple
Distribuição no Brasil:
AppleTV+
Disponível: AppleTV+
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