Por Décio Júnior*
Para quem é fã de Pedro Almodóvar, esperar por um novo filme do diretor sempre cria uma
expectativa. O que será que ele vai trazer?
Este “Mães Paralelas” segue a linha dramática dos
últimos trabalhos, sem aquele humor que lhe é peculiar e suas bizarrices. O
foco continua sendo em fortes personagens femininas, mas um pouco
desglamurizadas em comparação com obras anteriores do diretor.
Aqui, ele conta a história de Janis (Penélope Cruz),
fotógrafa, independente, que tem um relacionamento com um arqueólogo casado,
Arturo (Israel Elejalde) e dele engravida acidentalmente. Ela fica feliz com a
ideia de ter um filho aos 40 anos. Ele não quer. Sua relação com Arturo tem
também um outro propósito, já que ele pode ajudá-la a encontrar os restos
mortais de antepassados seus que foram mortos na época da ditadura do general
Francisco Franco, na Espanha. O militar neofacista ficou no poder entre 1938 a
1973 com aproximadamente mais de 200 mil corpos não identificados durante as
guerras civis e mundial.
Na maternidade, Janis conhece Ana (Milena Smit), uma
adolescente que não está feliz em ser mãe, ainda mais por ter engravidado em
uma situação de estupro.
As duas trocam telefones e mais tarde se reencontram,
tendo aí suas vidas entrelaçadas, dando espaço para as tramas novelescas de
Almodóvar com questões familiares e tragédias pessoais. Mas sem cair no
caricato ou criar grandes conflitos. Mesmo assim, não menos intensas.
O filme faz um contraponto da visão das duas mulheres
em seus momentos de vida distintos e ao mesmo tempo paralelos. O final tem uma
bela cena, forte e contundente.
Penélope Cruz foi indicada ao Oscar 2022, como Melhor
Atriz. É a segunda indicação para um filme de Almodóvar na categoria. O
primeiro foi “Volver” em 2007. Ainda teve outras duas indicações como atriz
coadjuvante, recebendo a estatueta por “Vicky Cristina Barcelona” de Woddy
Allen em 2009. Alberto Iglesias em sua quarta indicação para Música Original.
Este ano foi indicado também ao Globo de ouro.
Pedro Almodóvar foi indicado uma única vez na
categoria Melhor Diretor por “Fale Com Ela” (2002), mas levou de Melhor Roteiro
Original. Recebeu 3 vezes indicações para filme estrangeiro/internacional,
ganhando em 2000 por “Tudo Sobre Minha Mãe”; 7 no Globo de Ouro, levando 2
prêmios na mesma categoria. Recebeu 13 indicações ao BAFTA com 4 estatuetas. O
novo longa do diretor acumula várias indicações em festivais. No Goya,
principal premiação do cinema espanhol, recebeu 8 indicações e não levou
nenhum. Entre muitos outros prêmios mundo afora.
O longa conta ainda com a participação de Rossy de
Palma e Julieta Serrano, recorrentes em filmes do diretor.
Um filme de Almodóvar que mais uma vez não
decepcionou.
Mães Paralelas
Título Original: Madres Paralelas
Direção: Pedro Almodóvar
Duração: 123 minutos
País: Espanha
Ano: 2021
Produção: El Deseo
Distribuição no Brasil: O2 Filmes
Disponível: Nos cinemas e
Netflix
*Colaboração de Flávio Dias.
Bom filme. Vale a pena ver!
ResponderExcluir