Por Flávio Dias
Marilyn Monroe e Ana De Armas |
Estreou em 28 de setembro
o mais novo filme sobre Marilyn Monroe:
“Blonde”. Não é novidade falar sobre
a estrela de Hollywood dos anos de
1940 e 1950. Desde sua morte vários filmes e documentários exploraram (e
exploram) quem foi a artista que encantou o mundo com sua beleza e arte. Muitas
das histórias contadas passam pelo mito do que realmente aconteceu no dia da
sua morte em 4 de agosto de 1962: ela se suicidou ou foi morta? Entre a
realidade e as conspirações envolvendo políticos, o mistério está longe de
acabar.
Diretor Andrew Dominik em cena de "Blonde" |
Livro que inspirou o filme |
O filme de Andrew Dominik (de “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” e “O Homem da Máfia”) para a Netflix, produzido por Brad Pitt (que está nos filmes citados acima) da sua produtora Plan B, mostra a infância de Norma Jean Mortenson (Lily Fisher) com sua mãe Gladys (Julianne Nicholson) em Los Angeles durante seu aniversário, onde um incêndio florestal se alastra pela Califórnia. Da loucura da mãe, sem saber quem é seu pai, acreditando ser um astro de Hollywood. Depois desse início entre cores, vem o preto e branco na tela, separando, ao que tudo indica, o real do ficcional, uma maneira de mostrar quem foi Norma Jean e quem foi Marilyn Monroe, deixando de lado a biografia exata. Durante os 166 minutos (2 horas e 46 minutos), Dominik tenta transparecer quem foi a artista e os fatos que lhe marcaram. Mas tudo leva a crer em falsa realidade dos fatos. Mesmo porque, o longa é baseado no livro de Joyce Carol Oates, uma história nada oficial sobre Marilyn/Norma. Mas não tira o brilho do filme. Pelo contrário: mostra tantas Marilyns representadas diante do machismo, assédios, abusos e transtornos diante de poderosos produtores e homens que cercam as carreiras das mulheres no cinema e na TV.
Adrien Brody como Arthur Hiller |
Bobby Cavanale como Joe DiMaggio |
Dos fatos ocorridos, como os casamentos com o jogador de Beiseball Joe DiMaggio (Bobby Cannavale) e Arthur Hiller (Adrien Brody), do conflito entre a atriz e o diretor Billy Wilder (Ravil Isyanov), do seu envolvimento com o presidente John Kennedy (Caspar Phillipson), a maior parte do filme são idealizações sobre quem foi Norma Jean. O ficcional é o palco para discussões, diferente de outras películas sobre a atriz. Aqui cabe explorar como Hollywood comanda a indústria diante das mulheres. Cenas fortes como um produtor estuprando ela; seu primeiro marido DiMaggio espancando; o segundo marido Hiller escrevendo todas as frases dela, em uma espécie de musa inspiradora; etc. Isso vale não só para as estrelas de Hollywood: vale para todo o mundo. Queiram ou não, é um mundo ainda comandado por homens. Que o diga Harvey Weinstein, o produtor da The Weinstein Company preso por assediar e abusar de atrizes em início de carreira. O movimento #MeToo o levou para o banco dos réus tardiamente, mas condenando para sempre e trazendo mudanças na maior indústria do entretenimento mundial.
Para contar uma história
poderosa, Andrew Dominik soube dirigir cada cena, principalmente com Ana De Armas vivendo Marilyn
Monroe/Norma Jean. A atriz de “Entre
Facas e Segredos”, “Blade Runner 2049”
e “007 Sem tempo para Morrer” brilha
em cada cena. A caracterização ficou perfeita. Cenas como do filme “Quanto Mais Quente Melhor” simplesmente
dá para confundir quem está ali: Ana ou Marilyn? A montagem sobreposta é uma
das melhores que já vi. Inclusive usam os atores da época (e creditados no
final) dos filmes em cenas, utilizando bem pouco atores de hoje encenando em
cima. Neste caso, somente Ana é utilizada predominantemente. A fotografia
colaborou para um bom efeito na TV. Nada parece ser desperdiçado. Mas por
vezes, pelo longo tempo, o filme fica cansativo demais. Poderia sim ter pelo
menos 30 minutos cortados, ou reeditados para não cansar os telespectadores dos
transtornos, das dores físicas e mentais, da dubiedade da artista.
Julianne Nicholson em "Blonde" |
Destaque para Julianne Nicholson, vivendo Gladys, mãe
de Norma. Em uma pequena participação que pode dar indicações a prêmios como o
Oscar, Globo de Ouro, Bafta. O mesmo para Ana De Armas, em sua melhor
interpretação. As duas merecem.
Para quem não conheceu a
atriz Marilyn Monroe, a Netflix também estreou o documentário “O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações
Inéditas”. Já os seus filmes estão espalhados nos streamings. Curiosamente
não há filmes de Marilyn na Netflix, fato corriqueiro na plataforma: não ter
filmes clássicos dos anos 1940 até os anos 1980. A maioria estão no Star+, Telecine, em alugueis ou compras no Looke, Google Play, Amazon Prime Vídeo, AppleTV+, entre outros. Também vários
filmes sobre a atriz como “Marilyn e Eu”
(1991), “A Verdadeira História de
Marilyn Monroe” (1996), “Sete Dias
com Marilyn” (2011), etc. Documentários, shows e até clipes como da
Madonna, foram feitos. Marilyn Monroe com certeza não será esquecida tão
facilmente.
Ficha Técnica:
Título Original: Blonde
Direção:
Andrew Dominik
Roteiro:
Andrew Dominik, Joyce Carol Oates (baseado no seu livro)
País:
EUA
Duração:
166 minutos (2 horas e 46 minutos)
Produtora:
Plan B Entertainment
Distribuidor
e disponível: Netflix
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